Aquilo que fere
cura. A lança de Aquiles curou uma ferida que fez. Saber disso me despertou a
vontade de escrever, então comecei a revirar alguns livros velhos, livros
mortos, livros enterrados, a abri-los, a compará-los, catando o texto e o sentido
para achar a origem e o pensamento. Pensei em catar os próprios vermes dos
livros, para que me dissessem o que havia nos textos roídos por eles. Imaginei
a seguinte resposta vinda de um grande verme gordo:
- Nós
não sabemos absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que
roemos, nem amamos, nem detestamos o que roemos; nós roemos.
Não tem como
arrancar nada dos vermes. Os outros todos, provavelmente, repetiriam as mesmas
palavras. Talvez esse discreto silêncio dos textos roídos seja ainda um modo de
roer o roído.
Pense.
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