Sofro de
insônia. Há noites em que simplesmente não posso dormir; estiro-me na cama, mas
é o mesmo que nada. Então, ouço todas as horas da noite. Sempre que perco o
sono, o bater da pêndula me faz muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e
seco parece dizer, a cada golpe, que eu tenho um instante menos de vida. Então
imagino um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte,
tirando as moedas da vida para dá-las à morte e a contá-las assim:
- Outra de
menos...
- Outra de menos...
- Outra de
menos...
- Outra de
menos...
O interessante é
que, se o relógio para, eu troco as pilhas, para que ele não deixe de bater
nunca e eu possa contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há que se
transformam ou acabam; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem,
ao se despedir do sol frio e gasto, há de ter um relógio para saber a hora
exata em que morre.
Na noite
passada, no entanto, não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e
deleitosa. As fantasias tumultuavam-me aqui dentro, vinham umas sobre as
outras... Não ouvi os instantes perdidos, mas os minutos ganhos. De certo tempo
em diante não ouvi mais coisa nenhuma, porque o meu pensamento, traquinas,
saltou pela janela e bateu asas...
Dona Juliaanaa!!
ResponderExcluirTudo bem, flor?
As noites insones também me perseguem, mas costumam ser as mais produtivas. Como você mesmo disse, meu pensamento salta pela janela e bate asas.
Estava com saudades daqui. Eu saio da blogosfera, mas a blogosfera não sai de mim.
Tô começando outro blog. Depois, dá uma passadinha lá.
http://quandooeupassar.blogspot.com.br/
Beijos!!