sábado, 7 de abril de 2012

O novo Olimpo


Quando falo em Olimpo, é óbvio que me refiro ao local onde viviam os deuses gregos. Os povos antigos faziam pedidos aos deuses do Olimpo e, em troca, lhes ofertavam coisas. Mas é claro que você deve estar pensando: “Ah, isso é mito. Não aconteceu de verdade.” Respondo: Vocês têm uma visão tão equivocada das coisas...

Antigamente, as pessoas costumavam se reunir para ouvir as histórias que os mais velhos tinham a contar. E, então, da mesma forma que um vírus de computador, as histórias passavam de uma pessoa a outra de forma a se difundir e nunca morrer. O mito precisa se espalhar, mas como se esses encontros hoje são passado, raridade? As pessoas não têm mais tempo de ouvir histórias, verdades “inventadas”...

Novo Olimpo
Os tempos mudaram e o Olimpo trocou de nome: hoje é mais conhecido como Hollywood, o templo das maiores e mais badaladas estrelas do cinema. Não concorda? É só racionar um pouco: A quem as pessoas fazem oferendas nos dias de hoje? A quem fazem pedidos? Um pedaço de chiclete, um papel usado para limpar o batom? A quem, senão as grandes celebridades? Em troca de um pedaço de papel, eles dão como oferenda metros e mais metros de ‘eu te amo’ escrito em folhas. Atiram calcinhas aos pés do seu ‘deus’, como faziam as senhorinhas com Wando. Os fãs sabem mais sobre seus ídolos que eles próprios, pasmem!

Templo dos 'deuses' atuais
 As causas dessa idolatria que, às vezes, toma um caráter de religião – em que os presidentes de fã-clubes são os Papas – são todas psicológicas. É questão de identificação, projeção, referencial. Um bom exemplo é o “Super-Homem”, um herói que, de tão perfeito, tornava impossível a identificação. Mas, por outro lado, Clark Kent, o alter-ego, era um repórter tímido que estava sempre sendo passado para trás. Compreende? Nos projetamos no Super-Homem, mas nos identificamos com Clark Kent.

Com essa projeção, a indústria acaba se aproveitando disso. A figura da estrela agrega valor ao produto. A própria vida se torna um produto comercializado por importantes revistas, como a Caras. Claro que a indústria se interessa por quem faz sucesso, porque sucesso significa lucro. Por isso que, às vezes, é preferível a morte física a uma estrela apagada. Mas, por outro lado, estrelas que morreram jovens se tornam verdadeiros mitos e se eternizam. Por isso penso que faz todo sentido dizer que Elvis não morreu. Para a indústria, ele continua mais vivo do que nunca!

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