sábado, 23 de abril de 2011

Sobre o amor


Quando Jesus olhou para aqueles homens simples e os convidou para construírem com ele uma nova civilização, certamente por ali muitos outros homens já haviam passado e não viram nada além de homens pescando, quando muito. Jesus viu além.

E aquele significado, o significado de um encontro de amor, mudou definitivamente a história de cada um deles. A vida ganhou sentido de missão. Jesus olhou da maneira certa. Fez com que cada um se sentisse único, o que é essencial para se ganhar significado. Amou-os sem economias e nem distinção.

Um sopro vital fez com que as impertinências cotidianas ficassem enterradas. Era hora de escalar mais alto, de tirar as sandálias e pisar no solo sagrado da vida feito missão. Era o olhar de Jesus relembrado por Gabriel Marcel, 'Tu não morrerás jamais'.

Seria esse o segredo do amor? Quando Vinicius de Moraes brinca de um amor que é apenas chama, portanto se apaga, e conclama que seja imortal apenas enquanto dure, não estaria ele falando de um amor paixão? Fala o poeta em riso e em pranto, em pesar e em contentamento. A paixão não é assim? Barulhenta, brincalhona? Quanto menos correspondida mais sentida? Ou isso é teimosia?

Talvez seja uma discussão semântica desnecessária distinguir amor de paixão. Há quem use paixão como a efemeridade de encontros. Há quem use amor no mesmo sentido, distinguindo, entretanto o amor Ágape de amor Eros; amor que constrói de amor que xingue. Ou esse último não é amor? A paixão, ou o amor Eros, é arrebatadora.

A história da literatura é recheada de lindos encontros e desencontros de amor. Desde Penélope aguardando seu Ulisses na apologia da fidelidade da mulher a seu amado, ou da mulher a ela mesma. A sua espera, passando por Eros e Psique e o ciúme doentio de Afrodite. Histórias mitológicas que se misturaram a histórias reais como a de Dante e Beatriz. Quantas vezes se encontram o genial artesão da palavra e a menina mulher? Três vezes, no máximo? O que importa? Tudo de Dante tinha Beatriz. Desde a primeira pausa da calmaria dos sentidos até o último dia Beatriz viveu em Dante, como Marília em Dirceu. Marília não tinha esse nome, era Maria Dorotéia de Seixas e Dirceu era Tomás Antônio Gonzaga.

Transformados pelo amor, transmutados pelo êxtase poético dos livros e das teias da vida. Amores reais ou exagerados em poesia. Marília era a musa inspiradora ou a mulher atendida. Amores reais ou sentimentos projetados. O romance de cavalaria de Tristão e Isolda que influenciou tantos outros escritos lacrimejantes de amor começa assim:

“Se quiserdes ouvir, gentis senhores, uma história de amor e de morte, eis aqui o romance do cavaleiro Tristão e da rainha Isolda. De como os dois se amaram na alegria e continuaram a se amar na tristeza. De como um dia morreram daquele amor, ela por ele, ele por ela”.

Um comentário:

  1. Olá, procurando por uma imagem do livro De Gênio e Louco Todo Mundo tem um Pouco do Cury, justamente para colocá-la em meu blog, encontrei o seu, e fiquei fascinada. Com certeza vou parecer louca, mas vi que temos muita coisa em comum. A começar pelo nome! rs Não atualizo o meu blog como gostaria, mas se te interessar pode ir visitá-lo! :D Beijos e obrigada pela imagem! :p

    ResponderExcluir

Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo. Obrigada por comentar!