sábado, 29 de janeiro de 2011

Medidas desesperadas


Lembro-me de ter presenciado, na minha infância, uma tentativa de suicídio. Frustrada, graças a Deus (e aos bombeiros, claro). Sempre gosto de deixar claro minha opinião a respeito do suicídio. Acredito que aquele que busca suicidar-se na verdade não deseja o seu fim, o que busca é o fim de suas dores, de seus sofrimentos, de suas angústias. E, tomado pelo desespero, tenta fazer isto de uma forma rápida e... sem volta.

O jovem que escalava a torre de alta tensão queria chegar a um lugar que só existia em seu parco imaginário. Um lugar sem dor, sem prantos, sem lembranças, sem nada. Devia ter tentado sobreviver aos seus dramas e talvez tivesse tomado medicamentos ou quem sabe bebida alcoólica para se aliviar. Devia ter ouvido conselhos e orientações e procurado alternativas para refrigerar a emoção fatigada e o psiquismo abatido. Mas nada o havia contido. É difícil julgar, mas a linguagem é tosca para descrever qualquer crise.

Eu passei por uma crise depressiva profunda. E quando atravessei o vale escabroso da crise, não me compreendia. Estranhava-me. Sem tranquilizantes brigava com o travesseiro e com o mundo. Sem tranqüilizante, era uma frágil soldado vencida pela inquietude da mente.
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* Não é ficção. Eu realmente presenciei o fato. Conheço o suicida. Mas não se faz necessário citar nomes. Mas, a fim de satisfazer a curiosidade de alguns, a pessoa hoje se encontra de bem consigo mesmo.

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