Do lado de lá

" - A gente só conhece bem as pessoas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, se tu queres um amigo, cativa-me!

- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.

- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...

(...) - Eis meu segredo, disse a raposa. É muito simples: só vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos."

(Trecho do livro "O Pequeno Princípe", de Exupéry)

Este texto diz muito. Amizade.

Hoje em dia, não sei que definição tem esta palavra: amizade. O que seria? Como conquistá-la? De onde surge, por que surge? Não sei...

Ao longo de 3 anos ganhei novos "amigos". Alguns foram se afastando aos poucos, outros não se mostraram confiantes, outros simplesmente esqueceram... Porém 2, em especial, marcaram e ficaram. É estranho falar de uma amizade que se formou a distância... Muitos não acreditam ser possível, mas e daí?

Há 3 anos atrás 2 estrelas cruzaram o meu caminho, me emprestaram seu brilho, sua luz, seu calor. Me ensinaram que amizade é muito mais do que estar perto. É estar dentro. É ser seu ombro amigo, uma mão estendida, é saber compartilhar sem esperar retorno. É tentar ser calmaria em um momento de turbulência. É saber compreender o seu cansaço, entender a sua vontade momentânea de sumir devagarzinho e ao mesmo tempo ser aquele que vai te realimentar.

Amigo é aquele que te ouve em meio a uma ligação telefônica caótica. É aquele que derrama lágrimas ao receber um simples e-mail. É aquele que te dá um pedacinho de chão quando você precisa de terra firme, ou te oferece o céu se os sonhos te fazem falta.

Amigo é a certeza de que os anjos existem. É como estar deitado no colo de Deus. Com eles nos sentimos lambuzando os dedos de algodão doce, comendo pipoca no banco da praça. Com eles sinto meus olhos tocarem os olhos da paz.

Eles entendem as minhas reticências... Eles compartilham a minha dor... Eles fazem o possível, dentro de suas limitações, pra me encontrar num momento de sumiço... Eles conhecem o valor da amizade... E sem medo algum de má interpretação, dizem: “ei, eu te amo!”.

Isaac e Cris, vocês surgiram e continuam na minha vida de um modo inexplicável. Mas, como disse o Isaac certa vez, quem precisa de explicação se o sentimento é inexplicável?

Vocês são para sempre, ainda que o ‘para sempre’ não exista.

*****

Amigo é coisa pra se guardar

no lado esquerdo do peito,

mesmo que o tempo e a distância digam "não",

mesmo esquecendo a canção.

O que importa é ouvir

a voz que vem do coração.

Pois seja o que vier, venha o que vier

(...)

Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

(Milton Nascimento - Canção da América)