sábado, 29 de setembro de 2012

Dando sentido a existência


Temos esse poder, o poder de dar significado as pessoas que amamos. O poder de tirá-las do meio da multidão e ajudá-las fraternalmente.


Sofro das ausências, mas sofro de mãos dadas. O presente é muito grande, o mundo também. É por isso que de mãos dadas fica mais fácil ou pelo menos mais belo. Quando eu vejo as pessoas indo de um lado a outro, algumas com expressão leve, outras cansadas, desanimadas, algumas vagarosas, outras apressadas, fico imaginando o encontro... Aquele homem que vai é um homem a mais que vai, mas ele chega e encontra alguém que dá significado a sua existência porque sente a sua ausência. Sentir a ausência de alguém é dar sentido a sua existência, é uma criança que exulta ao entrar em casa sabendo que alguém estava a sua espera.

Chegar e não encontrar é dor doída demais... É sentir-se esquecido, desprovido de cuidado. É estender as mãos pra ninguém. O encontro com o outro, ou até mesmo com os cantos que escolhemos pra descansar de nossas andanças nos alivia. Como é bom voltar! Voltar a casa, voltar à consciência, voltar ao enredo que ficou esquecido em algum lugar no recôndito dos nossos sentimentos.

As idas e vindas cotidianas são transformadas em encontro, com o outro ou com a gente mesmo. É uma pausa na ausência do significado. Somos desertores do que dá essência ao que significamos. Transitamos de um lado a outro, vemos e não enxergamos ninguém... São travessias ininterruptas de desconhecidos, ao passo que quando são reconhecidas as pessoas se transformam. Sorrisos, dizeres, acenos... Um gesto que seja e aí está o significado. Temos esse poder, o poder de dar significado as pessoas que amamos. O poder de tirá-las do meio da multidão e ajudá-las fraternalmente.

Pessoas caídas que precisam de uma mão, temos duas. Pessoas fragilizadas precisam de uma palavra, temos tantas e as usamos com tantas imprecisões, com tanto desperdício que na hora certa acabamos calados, economizando elogios, ternura...

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