quarta-feira, 8 de agosto de 2012

[Literaprosia] Memórias Póstumas de Brás Cubas

Capa

Morto, Brás Cubas começa a contar a sua história de vida. Escolhe iniciar a narrativa pelo fim, ou seja, por sua morte, por julgar que não é necessário seguir a ordem temporal dos eventos. Descreve seu enterro e dá uma breve explicação sobre a razão de sua morte – “uma pneumonia contraída enquanto dedicava-me ao invento de um medicamento sublime, o Emplasto Brás Cubas, para curar a melancólica humanidade”.

O nascimento do narrador é descrito nos capítulos 9 e 10. A influência que recebe de seus familiares durante a infância é tratada no capítulo 11.

Seus amores e envolvimentos afetivos com Marcela, Eugênia, Virgília e Eulália aparecem ao longo do romance. Marcela, a dama espanhola, foi seu primeiro grande amor. O relacionamento termina após o pai de Brás Cubas enviar o filho para estudar Direito em Coimbra.

O regresso da Europa acontece quando fica sabendo que sua mãe está doente – ela morre logo em seguida. De volta ao Brasil, Brás Cubas tem um envolvimento passageiro com Eugênia.

É com Virgília, porém, que mantêm um relacionamento mais duradouro – ainda que seja um triângulo amoroso, já que a moça se casa com o político Lobo Neves. Brás Cubas e Virgília contam com o auxílio de Dona Plácida para manter o caso extraconjugal em sigilo.

Quando o pai de Brás Cubas morre, a herança é motivo de desavenças entre Brás e sua irmã Sabina. O desentendimento entre os dois acaba e Sabina apresenta Eulália, ou Nhã-loló, a Brás Cubas na tentativa de arranjar uma esposa para o irmão. A pretendente, porém, morre de febre amarela.

Nesse meio tempo, aparece Quincas Borba, um colega de infância de Brás Cubas, que recebera uma herança e, de mendigo, transforma-se em um filósofo que propaga a doutrina do Humanitismo.

Brás Cubas, com o sonho de ser famoso, torna-se deputado e tenta em vão tornar-se ministro de Estado. Sua última investida é o emplasto. Com o passar dos anos, morrem as pessoas próximas, entre elas Marcela, Quincas Borba, Dona Plácida e Lobo Neves. Ironicamente, Brás Cubas morre depois de tomar chuva enquanto trabalhava no seu invento medicamentoso. Morto, decide escrever o livro de sua vida. No último capítulo, ele conclui:

“Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto (...). Ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.

Machado de Assis inaugurou em 1881, com Memórias Póstumas de Brás Cubas, o Realismo no Brasil. A obra é focada na análise interior dos personagens, seu comportamento e suas individualidades. Neste ponto, o escritor diferencia-se dos outros romancistas de seu tempo, que preferem retratar o espaço externo da sociedade vinculada a um determinado ambiente. Memórias Póstumas foi lançado em um período histórico do Brasil, marcado por debates político-sociais de grande magnitude, pelos movimentos republicanos contrários à Monarquia e por campanhas abolicionistas em prol do fim do regime escravocrata.

Apesar de ser uma obra antiga, é atemporal, além de bastante original, já que é “escrita” por um defunto autor. É composta por 160 capítulos curtos, alguns chamando mais a atenção pela audácia do que pelo conteúdo. Vale à pena ler esta que é uma das principais obras deixadas por Machado de Assis. Em breve publicarei um texto sobre ele aqui.

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