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Morto, Brás
Cubas começa a contar a sua história de vida. Escolhe iniciar a narrativa pelo
fim, ou seja, por sua morte, por julgar que não é necessário seguir a ordem
temporal dos eventos. Descreve seu enterro e dá uma breve explicação sobre a
razão de sua morte – “uma pneumonia
contraída enquanto dedicava-me ao invento de um medicamento sublime, o Emplasto
Brás Cubas, para curar a melancólica humanidade”.
O nascimento do
narrador é descrito nos capítulos 9 e 10. A influência que recebe de seus
familiares durante a infância é tratada no capítulo 11.
Seus amores e
envolvimentos afetivos com Marcela, Eugênia, Virgília e Eulália aparecem ao
longo do romance. Marcela, a dama espanhola, foi seu primeiro grande amor. O
relacionamento termina após o pai de Brás Cubas enviar o filho para estudar
Direito em Coimbra.
O regresso da Europa
acontece quando fica sabendo que sua mãe está doente – ela morre logo em
seguida. De volta ao Brasil, Brás Cubas tem um envolvimento passageiro com
Eugênia.
É com Virgília,
porém, que mantêm um relacionamento mais duradouro – ainda que seja um
triângulo amoroso, já que a moça se casa com o político Lobo Neves. Brás Cubas
e Virgília contam com o auxílio de Dona Plácida para manter o caso
extraconjugal em sigilo.
Quando o pai de
Brás Cubas morre, a herança é motivo de desavenças entre Brás e sua irmã
Sabina. O desentendimento entre os dois acaba e Sabina apresenta Eulália, ou
Nhã-loló, a Brás Cubas na tentativa de arranjar uma esposa para o irmão. A
pretendente, porém, morre de febre amarela.
Nesse meio
tempo, aparece Quincas Borba, um colega de infância de Brás Cubas, que recebera
uma herança e, de mendigo, transforma-se em um filósofo que propaga a doutrina
do Humanitismo.
Brás Cubas, com
o sonho de ser famoso, torna-se deputado e tenta em vão tornar-se ministro de
Estado. Sua última investida é o emplasto. Com o passar dos anos, morrem as
pessoas próximas, entre elas Marcela, Quincas Borba, Dona Plácida e Lobo Neves.
Ironicamente, Brás Cubas morre depois de tomar chuva enquanto trabalhava no seu
invento medicamentoso. Morto, decide escrever o livro de sua vida. No último
capítulo, ele conclui:
“Não
alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não
conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa
fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto (...). Ao chegar a este
outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira
negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a
nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.
Machado de Assis
inaugurou em 1881, com Memórias Póstumas
de Brás Cubas, o Realismo no Brasil. A obra é focada na análise interior
dos personagens, seu comportamento e suas individualidades. Neste ponto, o
escritor diferencia-se dos outros romancistas de seu tempo, que preferem
retratar o espaço externo da sociedade vinculada a um determinado ambiente. Memórias Póstumas foi lançado em um
período histórico do Brasil, marcado por debates político-sociais de grande
magnitude, pelos movimentos republicanos contrários à Monarquia e por campanhas
abolicionistas em prol do fim do regime escravocrata.
Apesar de ser
uma obra antiga, é atemporal, além de bastante original, já que é “escrita” por
um defunto autor. É composta por 160 capítulos curtos, alguns chamando mais a
atenção pela audácia do que pelo conteúdo. Vale à pena ler esta que é uma das
principais obras deixadas por Machado de Assis. Em breve publicarei um texto sobre
ele aqui.
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