Não sei se isso explica a origem do preconceito, mas estive lendo sobre uma figura do imaginário masculino português, da época da colonização do Brasil. Tratava-se de uma mulher de pele morena e olhos negros que estava sempre vestida de vermelho. Estava sempre se banhando nos rios e penteando os cabelos... Eis que, ao chegar ao Brasil, os portugueses avistam as índias nuas, com os corpos pintados de vermelho e de cabelo solto. E mais, as índias tinham uma necessidade constante de banhar seus corpos ardentes no rio e adoravam pentear os cabelos...
O que aconteceu em seguida? Veio o ciúme da mulher loira contra a de cor. E isso acabou repercutindo em toda a Europa, talvez até em forma de ódio religioso: o dos cristãos loiros contra os “infiéis” de pele escura. O que acabou resultando numa espécie de idealização do tipo loiro, de forma que estes sempre sejam identificados com figuras angelicais e divinas, enquanto o moreno passou a ser identificado com os anjos maus, com os decaídos, os malvados, os traidores...
O que se sabe é que as mulheres morenas foram as preferidas dos portugueses, no período colonial, para o amor físico. Tanto que tinha um ditado: “Branca para casar, mulata para f..., negra para trabalhar”. Com isso já fica claro a “superioridade” da mulher branca e a “inferioridade” da preta.
Mas, gente, o nosso lirismo não revela outra tendência senão a glorificação da mulata, da cabocla, da morena pela beleza dos seus olhos, pela alvura dos dentes muito mais do que as “loiras donzelas”. Estas aparecem, apenas, em um ou outro soneto, em uma ou outra modinha do século XVI ou XIX. Mas sem o relevo das outras.
O que eu quero com isso é mostrar que essa “praga” chamada preconceito já vem desde os primórdios da humanidade. Ele se alastra e faz cada vez mais vítimas. Ele emperra as rodas do progresso... Deve ser combatido como se combate uma epidemia.
Não é a cor, nem a raça, nem a posição social, nem a religião, nem as aparências externas... É o que está dentro de você que o faz subir!
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